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De Irmão Para Irmã

  O dia amanheceu. Zoe foi a primeira a acordar, levantando-se da cama e observando que Léo ainda estava dormindo. Era bem cedo, e ela desceu para o andar de baixo, esperando encontrar o tio. Ao chegar à sala, encontrou a lareira apagada e o local completamente vazio, mas havia um bilhete deixado em cima da mesa. Ela pegou e leu:

  "Estarei fora hoje. Pe?o que se virem pelo menos até a tarde. Voltarei antes de anoitecer. Vocês conhecem bem a regi?o, ent?o v?o conseguir se virar sozinhos.

  Assinado: Tio Roger"

  "N?o acredito que vou ter que passar o dia inteiro com aquele idiota do meu irm?o," suspirou Zoe, embora ficasse empolgada com a ideia de poder sair para o lado de fora. Logo foi chamar Léo para acordá-lo. "? Léo, acorda! Temos que cuidar da casa do tio Roger hoje!" ela gritou. Um barulho de madeira rangendo foi ouvido no andar de cima, junto de uma voz sonolenta: "Hmm, tá bom, já t? indo." Puff. Um barulho pesado foi ouvido no andar de cima.

  Zoe correu até lá e viu seu irm?o caído no ch?o, dormindo calmamente. "Ei, acorda." Ela pegou Léo pelo bra?o e o arrastou até a saída do quarto, dizendo: "Vamos logo, Léo. Para de ser pregui?oso." Léo bateu a cabe?a contra o pé da cama enquanto era puxado e acordou com uma leve dor. "Aii, tá bem, já estou acordado. Que saco, n?o deixa nem eu dormir." "O tio Roger saiu, ent?o a gente vai ter que cuidar da casa hoje," disse Zoe. Léo olhou para ela, ainda no ch?o, e perguntou, curioso: "E para onde ele foi?" "Provavelmente para a pequena cidade de Arbordale. é o único lugar próximo da casa dele, e ele vai tentar voltar antes de anoitecer, ent?o talvez demore um pouco."

  Léo se levantou, massageando a própria cabe?a. "Tudo bem, vamos fazer as tarefas do dia, se tiver alguma tarefa, né?"

  Eles desceram até o andar de baixo, e Léo foi direto até a mesa onde o bilhete estava deixado. Ele pegou e leu rapidamente. "Vou tomar banho. Zoe, pe?o que você varra a casa e tire o pó." Zoe questionou, discordando: "Por que eu vou fazer duas tarefas enquanto você toma banho?" "Tomar banho é uma tarefa também. Todo o trabalho de se limpar leva tempo," disse Léo, com uma postura de esperteza, como se estivesse na raz?o. Zoe foi até uma vassoura e a entregou nas m?os dele. "Você vai varrer a casa e eu tiro o pó. Depois de tudo, você pode tomar banho."

  Léo: "Eu sou muito ruim pra varrer uma casa." Ele tentou inventar uma desculpa.

  Zoe: "Pois ent?o você vai aprender agora como varrer uma."

  Léo pegou a vassoura da m?o dela com um pouco de for?a. "Eu acho que isso tá muito bagun?ado. Que tal a gente dividir as tarefas direito? Vamos comer primeiro e depois fazemos o restante das coisas." Zoe olhou para o rosto dele com olhos desconfiados. "Hmm, está bem. Espero que n?o seja uma desculpa para você n?o fazer as coisas." "Eu estava só brincando com você, Zoe. é óbvio que n?o deixaria todas as tarefas para você."

  Zoe: "Ent?o está decidido. Vamos fazer do seu jeito."

  Um tempo se passou enquanto preparavam algo para come?arem o dia de barriga cheia.

  Agora completamente revigorados, Léo logo olhou para a casa e notou a sujeira e o pó nela. "Vou buscar um balde lá fora." Zoe ficou confusa e disse: "Um balde?" "Sim, um balde. Espera aqui, n?o vou demorar muito." Zoe n?o entendeu o objetivo dele com isso, mas aceitou mesmo assim. Ela foi até uma mesinha onde estava um espanador e pegou para come?ar a tirar o pó da casa.

  Em 30 minutos, ela tirou todo o pó da casa e notou que Léo ainda n?o tinha voltado. "Ele mentiu pra mim," disse ela, com um tom de decep??o e raiva. Depois de terminar de limpar tudo, deixou tudo de volta no lugar. "Eu n?o vou varrer a casa. Esse trabalho é dele. Pelo menos fiz minha parte." Ela saiu para o lado de fora e foi até a parte de trás da casa, notando que os baldes ainda estavam ali. "Ele n?o está aqui." Ela olhou ao redor e viu Léo ao longe, em cima de uma árvore, pegando alguns frutos e comendo.

  Ela se aproximou da árvore. "Ei, o que você está fazendo aí em cima? Esqueceu que tinha uma casa para limpar?" Léo pegou outro fruto, deu uma mordida, mastigou e engoliu. "Você deveria provar um também, est?o bem maduros." "Para de enrolar e vai logo limpar a—" Léo jogou um fruto na cabe?a dela. "Eu vou limpar, n?o se preocupe. Relaxe um pouco." Ele ficou sentado em um galho enquanto dava outra mordida. "Sobe aqui em cima, a vista da floresta é bem legal olhando de um lugar alto."

  Zoe: "Mas eu n?o sei se consigo subir até aí, e essa árvore nem é t?o alta."

  Léo: "Se n?o é t?o alta, você deve conseguir subir, ent?o, n?o é?"

  Zoe olhou ao redor, tentando encontrar palavras. "é... é que minhas pernas est?o cansadas, ent?o n?o quero gastar esfor?os subindo até aí." "Eu acho que você está é com medo, isso sim." "N?o, n?o é isso." "Para de mentir, dá para ver na sua cara que você está com medo." "Eu n?o t? com medo!" "Se n?o está com medo, ent?o suba até aqui, aí eu acredito." Zoe hesitou por um momento, mas queria provar para o irm?o que também tinha coragem. "Tá bom, eu vou subir aí só para bater nessa sua cara feia." Ela come?ou a subir de galho em galho. No entanto, quanto mais subia, mais percebia o qu?o alta a árvore era. "Estranho, ela parecia menor olhando lá de baixo," ela pensou. Suas m?os come?aram a fraquejar e o cora??o disparou só de imaginar cair daquela altura. "Que foi? Tá com medo é? Haha," Léo riu dela. "Cala a boca!" Ela gritou e come?ou a subir mais. De certa forma, ela encontrava for?a nas provoca??es do irm?o, mas ao mesmo tempo se sentia insegura pela zombaria. Ela subiu mais, ficando bem perto do galho onde Léo estava sentado.

  O galho ficava um pouco longe, ent?o ela teria que esticar um pouco mais o corpo. Viu uma grande possibilidade de cair e congelou no local onde estava. Léo percebeu que sua irm? estava realmente com medo e disse: "Vem aqui, me dê a m?o." "N?o vou n?o, você vai me soltar, eu sei." "Que tipo de irm?o você acha que eu sou? Eu n?o vou te soltar, vem logo." "Promete?" "Prometo. Apenas se joga para cá e deixa o resto comigo." Ele deu um sorriso confiante, tentando encorajar a irm?. Ela se esticou e, antes que pudesse segurar em algo, Léo estendeu a m?o, pegou o bra?o dela e a puxou para o galho onde estava. Ela se agarrou forte ao galho da árvore com medo de cair, ficando apenas pendurada por cima dele como um gato com medo de água.

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  Léo: "Viu? Só fica sentada aqui do meu lado e aprecie a vista."

  Zoe: (nervosa) "Eu n?o quero olhar para baixo."

  Léo: "N?o é para você olhar para baixo, apenas olhe para as árvores, as nuvens, as montanhas e... Só n?o olhe para o sol, sen?o vai queimar seus olhos, haha."

  Zoe se ajeitou no galho, ficando bem ao lado de Léo. Ela observou o horizonte e notou que a vis?o era realmente incrível. Eles ficaram apreciando a paisagem por um tempo.

  Ambos ficaram em silêncio, apenas apreciando a vista. Alguns pássaros come?aram a voar ao longe, formigas cuidavam de suas col?nias, esquilos corriam pelos galhos de outras árvores, e um vento suave soprava contra eles.

  Léo: (quebrando o silêncio) "Isso me faz lembrar daquela vez que a mam?e e o papai fizeram uma surpresa para a gente com um piquenique."

  Zoe: (empolgada) "Sim! Eu lembro. Eles nos levaram para uma colina com vista para um lago."

  [Alguns meses antes]

  Samantha: "Esperem mais um pouquinho, crian?as. Estamos quase lá."

  Victor e Samantha estavam acompanhados dos filhos. As crian?as estavam com uma pequena venda cobrindo os olhos enquanto eram guiadas pelos pais. "E... chegamos!" Samantha disse alegremente enquanto retirava a venda de Léo e Zoe. Os olhos dos pequenos brilhavam ao perceberem que estavam em uma colina de frente para um lago cristalino com diversos peixes nadando. Victor pegou um tecido xadrez, de cores vermelha e branca, e o estendeu no ch?o, colocando uma cesta de palha em cima para n?o sair voando com o vento agradável que soprava.

  Victor come?ou a organizar os alimentos enquanto Samantha observava o local com os olhos encantados, como os das crian?as. Léo apontou para o lago e disse: "M?e, eu posso tomar banho lá?" Zoe, n?o perdendo a oportunidade, acrescentou: "Eu também quero tomar banho no lago."

  Samantha: "Nós n?o trouxemos roupas nem panos para vocês se enxugarem. Acabamos esquecendo desse detalhe. Pe?o desculpas, meus pequenos."

  Victor: "N?o se preocupem. Quando estiver próximo de anoitecer, vocês podem tomar banho com as roupas que est?o usando. Por agora, vamos aproveitar a tarde e toda essa comida que preparamos."

  As crian?as correram até a área do piquenique e se sentaram. Samantha fez o mesmo, ficando ao lado de Victor e apoiando a cabe?a no ombro dele. "Podem comer o quanto quiserem, crian?as," ela disse. "Só tomem cuidado para n?o engordarem," Victor alertou. Samantha deu um leve tapa na perna dele, dizendo: "Deixa as crian?as comerem o quanto elas quiserem, querido. Faz bem para o crescimento." Victor soltou uma risada. "Só se for o crescimento da barriga, hahaha." Samantha riu junto.

  Samantha: "Para de fazer essas brincadeiras, sen?o eles v?o achar que você está falando sério."

  Victor observou os arredores, apreciando a vista, e cortou uma torta em peda?os iguais para todos. A família come?ou a comer e conversar sobre passeios futuros, relembrando o passado e se divertindo ao contar histórias para as crian?as, tornando aquele dia inesquecível para elas.

  O céu come?ou a escurecer e Zoe estava brincando com Léo no lago. Eles competiam para ver quem aguentava mais tempo debaixo d'água. Samantha e Victor os observavam na beira do lago. Samantha fez um olhar preocupado e questionou: "Essa brincadeira n?o é perigosa?" "N?o se preocupe, eles n?o v?o se afogar." "Como tem tanta certeza?" Victor estufou o peito e disse, orgulhoso: "Porque eu estou aqui."

  Samantha: (rindo) "Haha, adoro seu senso de humor, e também adoro esse seu jeito protetor com as crian?as."

  Ela se aproximou mais dele, lhe dando um beijo. Léo levantou a cabe?a, respingando água nos próprios pais. Eles separaram os lábios, e Samantha disse, rindo levemente pela intrus?o repentina: "Filho, cuidado." "Desculpa, m?e." Zoe levantou da água poucos segundos depois, molhando ainda mais Victor e Samantha, que se levantaram rapidamente e se afastaram, rindo da situa??o. "Eu ganhei?" Zoe perguntou. "Sim, você ganhou, dessa vez," Léo respondeu.

  Zoe comemorou a vitória, e Léo passou o resto do tempo desafiando-a para outras brincadeiras. Mais tarde, ficaram cansados e saíram da água. Samantha juntou a cesta e o pano do piquenique enquanto Victor carregava Zoe nas costas, que já estava dormindo por conta da exaust?o.

  Léo: "Meus pés est?o cansados. Acho que n?o vou mais aguentar ficar andando até em casa."

  Samantha: "Aguenta só um pouquinho mais, já estamos perto."

  Léo: "Por que a Zoe pode ir nas costas do papai, mas eu n?o? Eu também estou cansado."

  Victor: "Porque ela é uma garota, Léo, e as garotas precisam ser a prioridade nessas situa??es, enquanto você precisa ser forte e resiliente, como um homem deve ser."

  Léo: "Hein?"

  Victor: "Como posso explicar isso para você? Os homens devem ser fortes e corajosos, Léo, para proteger aqueles que s?o importantes e nunca demonstrar suas fraquezas para qualquer um."

  Léo: "E por que a Zoe n?o pode fazer o mesmo?"

  Victor: "Mas ela pode sim fazer o mesmo. Mas você deve ser a fonte que a inspira a se superar e dominar seus medos. Dessa forma, ela vai te retribuir com algo ainda mais valioso."

  Léo: "Tipo o quê?"

  Samantha: "Respeito."

  Léo: "N?o sei se consegui entender ainda."

  Samantha: "Um dia você vai entender o que seu pai está querendo dizer, Léo. E quando entender, fa?a quest?o de ser um bom irm?o para a sua irm?. Dê seguran?a para ela sempre que se sentir insegura e for?a sempre que se sentir fraca. Zoe é uma garota muito boa. Tenho certeza de que ela também vai tentar retribuir do mesmo jeito."

  Essas frases rodearam a mente de Léo. Ele olhou para a irm?, que estava dormindo calmamente com um semblante alegre, e caminhou com mais firmeza, ignorando o inc?modo e percorrendo todo o caminho até sua casa.

  [Presente]

  "Forte e resiliente," sussurrou Léo. Zoe olhou para ele, confusa. "Forte e o quê?" "Nada n?o. Você quer ver os arredores da floresta comigo?" Léo desceu da árvore rapidamente e limpou suas roupas dando leves tapas. Zoe olhou para baixo e tremeu com a sensa??o de altura. "Eu n?o sei se vou conseguir descer." "é só fazer a mesma coisa que fez quando subiu, só que dessa vez descendo."

  Zoe segurou firme no galho e come?ou a tentar descer um pouco. Um fruto se desprendeu da árvore e acertou sua cabe?a. Pelo susto, ela soltou o galho e despencou em dire??o ao ch?o. "AAHH!" Léo agiu rápido e estendeu os bra?os para segurá-la. Ela colidiu contra os bra?os dele, fazendo Léo cair no ch?o com o peso do corpo dela. Ambos foram jogados no ch?o, e Zoe se pronunciou rapidamente. "Eu consegui que fosse morrer", ela disse com a voz trêmula, colocando a m?o no peito, tentando se enganar. Léo colocou as m?os no peito e disse com a voz entrecortada: "Agh, você é... muito pesado." "Eu n?o sou pesado, você que é fraco demais."

  Zoe estendeu a m?o para Léo. Ele segurou a m?o dela e se declarou. "Mas obrigada por ter me segurado. Você se machucou?" "N?o se preocupe. Vamos indo?" "Vamos."

  Eles caminharam pela floresta por alguns minutos até encontrarem um local com algumas flores. Uma pequena parte delas foi destruída, e Léo comentou enquanto afirmava: "Parece que a chuva da noite passada arrancou e destruiu algumas." Ele pegou uma carta azul e entregou para Zoe. "Toma, eu uso isso." Zoe pegou uma flor, analisando-a. "Por que eu deveria usar isso?" "é para dar mais coragem para você." Ele pegou uma flor de volta e prendeu a lírio azul entre os cabelos de Zoe. "Assim como essa tempestade foi uma grande e contínua de pé, você também vai ter que ser resiliente e forte, como essa flor." Zoe se surpreendeu com a situa??o. "Mas... as flores s?o frágeis. N?o sei se elas s?o um bom exemplo de for?a, haha." Algumas abelhas surgiram, indo até algumas flores que ainda estavam de pé, pegando o pólen e voltando para a colmeia. Os irm?os acompanharam andando por mais tempo.

  Zoe deu uma noz para um esquilo, e Léo tentou fazer o mesmo, mas foi perseguido porque pegou a noz do esconderijo deles, e eles n?o ficaram nem um pouco contentes.

  Eles passaram um bom tempo juntos, explorando os arredores da casa, e o tempo passou sem que percebessem. Zoe estava andando, carregando algumas ma??s. Léo carregou um cacho de bananas e disse: "Será que faz mal se alimentar de frutas o dia inteiro?" Zoe mordeu uma das ma??s e engoliu. "Acho que n?o. O papai sempre dizia que a fruta fazia bem para a saúde." Zoe notou que já estava entardecendo e disse: "Daqui um pouco o tio Roger vai voltar. Acho bom você ir logo fazer o seu trabalho e limpar a casa." Léo fez uma fei??o de tédio, mas entendeu que n?o poderia ficar enrolando para sempre. "Tá bom, vamos voltar ent?o."

  Eles caminharam na dire??o da casa. De certa forma, o cora??o de ambos ficou mais calmo com o tempo que passaram juntos. Zoe tocou levemente na flor que ainda estava presa em seus cabelos e deu um sorriso contente, sabendo que tinha mais uma lembran?a que nunca quis esquecer.

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