Uma dor agoniante explodiu em sua cabe?a.
Era como se algo estivesse martelando seu cranio por dentro, pulsando em um ritmo caótico e insuportável.
Lucien grunhiu, os olhos ainda fechados, sentindo o mundo girar ao seu redor. Seu est?mago revirou, e por um momento ele teve certeza de que iria vomitar. Ele n?o sabia onde estava.
“O que aconteceu comigo?”
Tentou mover os bra?os, mas seus músculos estavam rígidos, pesados. A sensa??o era estranha, como se seu corpo pertencesse a outra pessoa.
“Eu estava… correndo. Sim, eu estava fugindo.”
Imagens borradas dan?avam em sua mente. O túnel. O ar frio da noite. O medo rastejando por sua espinha.
“O assassino...”
O pensamento fez seu cora??o disparar, e ele abriu os olhos num sobressalto—
Escurid?o.
A única coisa que via era um teto de pedra iluminado por uma fraca luz alaranjada. As sombras tremulavam ao redor, criando formas distorcidas nas paredes. Ele piscou várias vezes, tentando clarear a vis?o.
“Onde eu estou?”
A tontura o atingiu com for?a, obrigando-o a fechar os olhos novamente. Respirou fundo, tentando ignorar a dor pulsante na nuca.
Seu corpo n?o obedecia direito.
Seus sentidos estavam confusos.
E o pior de tudo…
Ele n?o fazia ideia do que estava por vir.
Logo, Lucien se recobrou do que havia acontecido perfeitamente, e a raiva cresceu dentro dele como um incêndio descontrolado.
O homem havia traído ele.
Lucien cerrou os dentes, o ódio borbulhando em seu peito como veneno. Se sentia um idiota por ter confiado, por sequer ter considerado que aquele desgra?ado o entregaria uma fortuna t?o facilmente. Seu corpo ainda estava pesado, mas sua mente come?ava a clarear. Ele tentou se mover—mas em v?o.
Ele estava preso.
Seus pulsos e tornozelos estavam amarrados firmemente à cadeira. O material das cordas era áspero, apertando sua pele a ponto de causar um desconforto irritante. Ele testou a resistência puxando com for?a, mas nem sequer cederam.
Ok, isso n?o é bom.
Sua cabe?a era a única parte livre para se mover. Inspirou fundo e ergueu o olhar, permitindo-se observar o local em que estava.
E ent?o, sentiu um calafrio.
A ilumina??o era fraca, mas o suficiente para revelar a natureza sombria daquele lugar. Ferramentas repousavam ordenadamente sobre uma mesa de madeira envelhecida—algumas afiadas, outras enferrujadas, todas claramente destinadas a um propósito cruel. O cheiro metálico no ar denunciava que já haviam sido usadas antes.
Era uma sala de tortura.
Lucien engoliu em seco.
Diante dele, um enorme espelho refletia sua imagem, mas algo estava… errado. Ele estreitou os olhos, tentando entender o que era. No entanto, antes que pudesse analisar melhor, um som interrompeu seus pensamentos.
A porta atrás dele se abriu.
O ranger lento das dobradi?as ecoou pelo ambiente, como um aviso sinistro de que algo terrível estava prestes a acontecer.
O homem sem nome entrou na sala com passos calmos, a escurid?o parecendo se curvar ao seu redor. Ele vestia o mesmo manto escuro de sempre, e, como se a situa??o n?o fosse nada além de um jogo divertido, um sorriso sombrio se desenhava em seu rosto.
Que cena lamentável, garoto. - Sua voz era suave, carregada com um tom debochado.
Amarrado como um animal, trêmulo, tentando entender o que aconteceu.
Lucien permaneceu em silêncio.
O homem se aproximou lentamente, os olhos brilhando com um interesse perverso.
E pensar que você confiou em mim...
Pobrezinho. - Ele balan?ou a cabe?a, teatral.
Eu te joguei no meio da boca do lobo, e você sequer percebeu até ser tarde demais.
Lucien cerrou os punhos com for?a.
Conveniente, n?o foi? Um ratinho astuto, servindo bem para fazer os trabalhos pequenos. Mas... agora? Bom... Ele suspirou, colocando uma das m?os no ombro de Lucien, apertando com for?a. Agora você n?o serve mais.
Lucien queria arrancar aquela m?o dali. Queria gritar, xingar, cuspir no rosto daquele desgra?ado.
Mas ele n?o daria esse prazer a ele.
O garoto manteve-se em silêncio, encarando-o com uma fúria silenciosa, os olhos queimando como brasas.
O homem sem nome sorriu ainda mais.
Oh? Ent?o vai se manter calado? - Ele inclinou a cabe?a levemente, analisando a express?o de Lucien. Interessante... Você tem mais coragem do que eu imaginava.
Ele se afastou um pouco, os olhos frios como laminas afiadas.
— Mas coragem n?o vai te tirar daqui, garoto.
O homem sem nome n?o perdeu tempo com mais provoca??es. Seu sorriso sombrio se desfez, e ele pousou os olhos frios sobre Lucien, direto e sem rodeios.
Stolen from its original source, this story is not meant to be on Amazon; report any sightings.
— Vamos ao que importa, garoto. Onde está a Lágrima de Aether?
Lucien franziu o cenho.
— Eu já disse… — Sua voz saiu rouca, ainda afetada pelo cansa?o e pela dor. — Eu n?o consegui pegá-la.
O homem sem nome cruzou os bra?os, avaliando-o como se estivesse tentando enxergar através de sua pele.
— Se me disser onde está, eu te liberto.
Lucien piscou, confuso.
Aquilo n?o fazia sentido.
Ele já tinha dito que n?o estava com a Lágrima. O homem sem nome, com certeza, havia revistado seu corpo enquanto ele estava inconsciente. Ent?o por que perguntar de novo?
Por que fingir que essa era uma negocia??o justa?
Lucien sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Algo estava errado. Muito errado.
— Do que diabos está falando? — Lucien rosnou, seu olhar queimando de indigna??o. — Eu n?o estou com essa coisa! Acha que, se estivesse, eu n?o teria entregado para aquele cara assustador assim que ele apareceu?!
O homem sem nome o encarou em silêncio. Seu sorriso morreu, e, por um breve momento, sua fachada calculista rachou. Algo selvagem brilhou em seus olhos.
Foi rápido. Uma fra??o de segundo.
Lucien percebeu tarde demais.
O soco veio com brutalidade, sem aviso. Sua cabe?a chicoteou para trás, e um gosto metálico invadiu sua boca. O impacto estremeceu seus ossos, e o sangue quente escorreu do corte aberto em seu lábio.
— N?o minta para mim, moleque. — A voz do homem soou descontrolada, diferente do tom calmo e manipulador de antes. Ele agarrou o queixo de Lucien com for?a, obrigando-o a encará-lo. Seus olhos estavam cheios de algo perigoso, uma fúria à beira de explodir. — Eu sei muito bem que você está com ela.
Lucien cuspiu sangue no ch?o, seu cora??o martelando no peito.
Ele estava lidando com um homem que havia abandonado qualquer preten??o de jogo.
O silêncio que se seguiu foi quebrado por uma risada baixa.
— Hahaha... — O homem sem nome inclinou a cabe?a para o lado, como se estivesse se divertindo com a teimosia de Lucien. — Você acha mesmo que pode me enganar?
Lucien n?o respondeu. Apenas encarou o homem com olhos frios, contendo a dor do golpe anterior.
— N?o creio que seja t?o burro assim, garoto… Logo a mim? — A voz do homem oscilava entre o deboche e algo mais sombrio. Ele deslizou uma m?o até o bolso interno de seu manto e puxou um pequeno objeto dourado. Lucien franziu a testa ao ver aquilo.
Era redondo, levemente envelhecido, com entalhes intricados e um brilho opaco.
— Eu tenho conhecimento de tudo. — O homem girou o objeto entre os dedos, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios. — N?o seja bobo. é impossível me enganar… ou esconder qualquer coisa de mim.
Seus olhos se estreitaram enquanto ele observava Lucien. Ent?o, levantou o estranho artefato diante de seu rosto.
— Já ouviu falar na Bússola de Ouro?
Lucien sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele n?o sabia o que era aquilo, mas, pelo brilho perigoso no olhar do homem, soube que nada de bom viria a seguir.
Lucien estreitou os olhos para o objeto dourado nas m?os do homem sem nome. Ele n?o fazia ideia do que era aquela coisa, mas o jeito que o homem falava… o brilho perverso em seus olhos… aquilo n?o era um simples enfeite.
— A Bússola de Ouro, um artefato poderoso, deixado séculos atrás por uma mulher chamada Lyra, em sua catacumba. — O homem girou o pequeno objeto nos dedos, seu tom carregado de satisfa??o. — Uma bruxa de tempos antigos, uma mulher que desafiou até mesmo os deuses, dizem alguns.
Lucien sentiu um arrepio ao ouvir aquele nome. Ele já havia escutado sobre Lyra antes, histórias sussurradas em becos e tavernas sobre uma bruxa cuja magia era t?o poderosa que seus artefatos continuavam a assombrar o mundo muito depois de sua morte.
— E sabe o que ela deixou para trás, além de sua reputa??o? — continuou o homem, um sorriso de puro prazer torcendo seus lábios. — Esta bússola.
Lucien olhou para o pequeno artefato, intrigado. Ele n?o via ponteiros ou marca??es como em uma bússola comum. Parecia apenas um disco liso de ouro, com símbolos que pareciam se mover levemente, como se estivessem vivos.
— O que isso faz? — murmurou, mais para si mesmo do que para o homem.
O sorriso do homem se alargou.
— Me dá conhecimento sobre tudo o que eu desejo saber. Basta apenas… quebrar um saber.
Lucien franziu a testa.
— O que isso quer dizer?
— A bússola exige um sacrifício para revelar verdades. Algo precisa ser esquecido, perdido. Quanto maior o conhecimento que busco, mais valiosa a memória que devo entregar em troca.
O garoto sentiu um nó apertar em seu est?mago. Magia que envolvia sacrifícios sempre era perigosa.
— E como conseguiu isso? — perguntou, sem conseguir esconder a desconfian?a.
— Ah… — O homem soltou um suspiro dramático. — Eu a encontrei por acaso, se assim posso dizer.
Ele se inclinou para frente, a voz baixa e envolta de um prazer sádico.
— Quando eu era mais jovem, um simples ladr?o de túmulos, roubava os pertences enterrados com os mortos. Ouro, joias, armas… qualquer coisa que pudesse ser vendida. — Seus olhos brilharam com nostalgia doentia. — E ent?o, um dia, encontrei uma tumba esquecida, sem nome, sem guardi?es. Uma fenda solitária no cora??o das montanhas.
Lucien ficou imóvel, ouvindo cada palavra.
— Eu achava que seria mais uma pilhagem fácil. Mas, no fundo daquela tumba, entre ossos e poeira, encontrei isto. — Ele ergueu a bússola, girando-a com os dedos. — Uma obra-prima deixada para trás por Lyra, esperando para cair nas m?os certas.
O homem sem nome sorriu, agora quase com carinho pelo objeto.
— E sabe o que ela me diz quando penso na Lágrima de Aether, moleque?
Ele virou a bússola em dire??o a Lucien.
— Que você está em posse dela.
O sangue de Lucien gelou.
Lucien sentiu sua respira??o falhar. Seu cora??o martelava contra o peito, e um frio intenso subiu por sua espinha. N?o… isso n?o podia estar certo.
— Você está mentindo. — Sua voz saiu rouca, carregada de incredulidade. — Eu vi a lágrima desaparecer! Ela simplesmente sumiu! Como eu poderia estar com ela?
O homem sem nome inclinou a cabe?a, seu sorriso cruel nunca vacilando.
— Eu n?o minto, garoto. A bússola nunca mente.
Lucien sentiu o desespero crescer como uma maré subindo, amea?ando engoli-lo. N?o, isso n?o pode estar acontecendo.
— Você revirou os meus bolsos, me revistou enquanto eu estava desmaiado! Se eu tivesse a lágrima, você já teria encontrado!
O homem girou a bússola entre os dedos, como se estivesse apreciando a sensa??o do metal frio em sua pele.
— De fato. Mas se eu ainda n?o a encontrei, significa apenas uma coisa… — Ele lan?ou um olhar predatório para Lucien. — Você a escondeu em algum lugar que nem mesmo percebeu.
Lucien abriu a boca para protestar, mas as palavras morreram em sua garganta. Como poderia argumentar contra alguém que acreditava cegamente em um artefato?
— N?o faz sentido! Eu n?o escondi nada! Eu nem sequer toquei nela por mais de alguns segundos!
O homem suspirou teatralmente e deu um passo para trás, observando Lucien como se estivesse lidando com uma crian?a particularmente teimosa.
— Ah, garoto… você é realmente irritante. Você n?o percebe que quanto mais nega, mais certeza eu tenho?
Lucien puxou contra as amarras, sua pele queimando pelo atrito da corda.
— Isso é um erro! Você vai perder tempo comigo!
— Perder tempo? — O homem riu, um riso vazio, sem humor. — A bússola já me deu a resposta. O tempo agora é seu problema.
Lucien engoliu seco quando viu o homem se virar, caminhando casualmente até a mesa atrás dele. A mesa das ferramentas.
N?o… n?o… n?o…
Cada músculo de seu corpo tensionou quando o homem passou a ponta dos dedos por cada instrumento meticulosamente organizado ali. Faca? Ganchos? Serrote? Ele ignorou todos. Ent?o, finalmente, seus olhos pousaram em algo, e ele sorriu.
Com um gesto deliberado, ele pegou um grande alicate de ferro.
Lucien sentiu todo o ar escapar de seus pulm?es.
— N?o… — Sua voz foi um sussurro, seu corpo inteiro tomado por um terror absoluto. Isso n?o pode estar acontecendo.
O homem virou-se devagar, segurando o alicate com firmeza, como se estivesse testando seu peso.
— Agora, moleque… vamos descobrir juntos onde está essa lágrima.
Lucien puxou contra as amarras com toda a sua for?a, seu cora??o acelerado, sua mente gritando em puro pavor.
Ele n?o tinha a lágrima.
Mas isso n?o importava mais.