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Caos na mansão

  Lucien esteve em vários metros da imponente mans?o. Seu corpo estava coberto por um manto preto, deixando apenas seus olhos visíveis.

  O manto era algo que ele havia improvisado usando algumas linhas e agulhas. A costura n?o era perfeita, tampouco elegante, mas beleza n?o era o objetivo. Aquele manto existia para torná-lo invisível aos olhos alheios, e para isso, n?o importava sua aparência. Apenas Lucien poderia testá-lo.

  Preso firmemente em suas costas, ele carregava uma mochila leve. Dentro dela, havia os itens cuidadosamente selecionados que seriam cruciais para o que estava por vir.

  Ao longe, destacava-se a grande mans?o de pedra, guardada por quatro sentinelas. Cada um deles era um cavaleiro de renome, guerreiros que já conquistaram respeito no reino.

  Lucien imaginava que poderiam ser mestres da espada ou algo ainda mais perigoso. Eles, sem dúvida, seriam um grande obstáculo. Mas ele n?o estava preocupado. Já tinha uma estratégia para lidar com aquele problema.

  Ao pensar nisso, um sorriso sombrio se formou por baixo da máscara. Ele estava confiante. Nem guerreiros, nem mestres capazes de detê-lo naquela noite.

  — Vamos come?ar o espetáculo… — Resmungou Lucien para si mesmo.

  No entanto, ao invés de se mover em dire??o a mans?o, ele virou as costas para ela, e som reto. Sem olhar para trás.

  Aquela seria uma longa noite…

  O céu estava limpo, a lua brilhava intensamente, e estrelas incontáveis ??preenchiam o vasto firmamento. Era uma noite comum, como tantas outras na mans?o do grande mestre Elias.

  Russell, um mestre da espada de renome, havia sido nomeado pelo rei para proteger a mans?o de Elias. Já fez oito meses desde que assumiu o posto, e durante todo esse tempo, n?o enfrentou qualquer amea?a.

  Para Russell, aquele era o trabalho perfeito. Tudo o que eu precisava fazer era vigiar a entrada por algumas horas e depois passar o turno para outro cavaleiro. A vida ali era tranquila, quase tediosa, mas ele n?o reclamava. A seguran?a era quase garantida. Afinal, poucos ousaríamos desafiar o grande mestre Elias.

  Elias era uma lenda viva, conhecida por sua extraordinária extens?o com dois elementos e por seu vasto conhecimento em runas. A propriedade, além de ser protegida por seus talentos mágicos, contava com uma equipe de guerreiros e mestres posicionados estrategicamente.

  Naquela noite, no entanto, apenas vinte cavaleiros estavam em servi?o, um número reduzido, mas ainda assim significativo. Russell n?o via aquilo como uma vulnerabilidade. Pelo contrário, senti-se orgulhoso por ser um dos poucos escolhidos para ficar. Isso provou sua for?a e confiabilidade.

  Mas algo perturbava sua confian?a. Sua intui??o, sempre agu?ada, gritava que algo estava prestes a acontecer.

  Como mestre da espada, Russell sabia que n?o podia ignorar essa sensa??o. Sua mente, muito mais treinada e refinada que a de um ser humano comum, também tornou sua intui??o incrivelmente precisa.

  — Sou só eu, ou vocês também est?o sentindo algo estranho? — perguntou Russell, quebrando o silêncio enquanto mantinha os olhos fixos na escurid?o.

  — N?o, eu também estou com um mau pressentimento — respondeu um dos cavaleiros, ajustando sua postura.

  — Sim… há algo errado. N?o consigo explicar. — O segundo cavaleiro olhou para os arredores com um olhar desconfiado.

  — Estamos sendo paranoicos, mas é melhor ficarmos em alerta — concluiu o terceiro, com um tom grave na voz.

  As palavras de seus companheiros apenas refor?aram o que Russell já sabia: aquela inquieta??o n?o era infundada. Algo estava fora do normal, algo que eles ainda n?o conseguiam enxergar.

  Seguindo o conselho, Russell descansou a m?o no cabo de sua espada, pronto para desembainhá-la a qualquer sinal de perigo. Seus olhos n?o desviavam da escurid?o à sua frente, enquanto sua mente trabalhava incansavelmente para identificar o que estava por vir.

  Aquela noite, que come?ara como todas as outras, agora carregava uma tens?o palpável. O que quer que estivesse se aproximando, seria algo que mudaria a rotina pacífica da mans?o para sempre.

  Russell e os três guardas mantinham-se em alerta absoluto, como verdadeiros cavaleiros experientes, forjados pelo rigor do Reino. Suas competências já haviam sido provadas inúmeras vezes em situa??es críticas, mas naquela noite, algo parecia diferente.

  Segundos tornaram-se minutos, e os minutos, longas horas de tens?o crescente. Nenhuma amea?a se manifestava, mas isso n?o os acalmava. Pelo contrário, aumentava a inquieta??o que pairava no ar como uma nuvem pesada.

  A meia-noite já havia passado, e o silêncio das ruas era quase sufocante. Os sentidos dos cavaleiros estavam em um estado de alerta absoluto, suas intui??es gritando como alarmes, mas a escurid?o à sua frente permanecia vazia. Pelo menos até aquele momento.

  Russell foi o primeiro a perceber. Ao longe, algo emergia das sombras, entrando na tênue luz dos lampi?es.

  — Alguém vindo — murmurou, sua voz baixa, mas carregada de tens?o.

  Os outros três cavaleiros também notaram a figura logo em seguida. Todos franziram a testa, confusos. Era… uma crian?a?

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  De cabelos negros como carv?o e vestindo trapos maltrapilhos, cheios de costuras rudimentares, a figura parecia frágil e deslocada naquela cena. O garoto n?o tinha mais do que 1,55m de altura. Sua aparência era miserável, com o rosto coberto de sujeira que parecia lama, dificultando qualquer tentativa de identifica??o.

  — Uma crian?a? — Russell resmungou, mantendo os olhos fixos no garoto.

  Os passos da crian?a eram apressados, e sua respira??o ofegante ecoava na noite silenciosa, um som claramente audível para os ouvidos agu?ados dos cavaleiros.

  Quando o menino se aproximou a alguns metros deles, um dos guardas avan?ou um passo, erguendo a voz.

  — Pare! N?o dê mais nenhum passo.

  Na luz dos lampi?es, Russell analisou melhor o menino. Ele parecia exausto, com o peito subindo e descendo rapidamente, como se tivesse corrido por quil?metros.

  — Quem é você? O que está fazendo aqui? — questionou outro guarda, o tom duro e direto.

  O garoto demorou a responder, engasgando em sua própria respira??o descompassada, os olhos arregalados de panico. Quando finalmente falou, sua voz saiu trêmula, carregada de desespero.

  — Por favor… socorro. Eu preciso de ajuda.

  O pedido pairou no ar como um sussurro de agonia. Os cavaleiros trocaram olhares, confusos. Aquilo era… estranho. Inesperado.

  — Socorro? — repetiu Russell, franzindo a testa. — Explique-se direito. O que está acontecendo?

  Apesar das palavras incisivas, algo dentro dele vacilava. Sua intui??o, antes apenas sussurrando, agora berrava como um trov?o em sua mente. Algo estava terrivelmente errado.

  Mas antes que o menino pudesse responder, o silêncio foi quebrado por um som pesado e gutural.

  Russell sentiu seu corpo gelar ao olhar na dire??o de onde o garoto havia vindo. Lá, na escurid?o que parecia pulsar com uma presen?a opressora, ele viu. Primeiro uma. Depois duas. Ent?o cinco.

  Ao todo, eram oito.

  Oito criaturas horrendas emergiram das trevas, suas silhuetas deformadas revelando bestas mágicas. Seus olhos brilhavam com um ódio primitivo, suas bocas escorrendo saliva como predadores à beira de atacar. A tens?o no ar tornou-se sufocante.

  Russell e os outros cavaleiros ficaram congelados, o sangue pulsando em seus ouvidos. Eles sabiam o que estavam vendo: bestas mágicas descontroladas. Abomina??es que n?o obedeciam a ninguém, apenas ao chamado insaciável da destrui??o e da morte.

  Eram monstros sedentos por sangue.

  O menino recuou, tremendo, e sussurrou, quase inaudível:

  — Elas… me seguiram…

  O terror agora era palpável. Russell apertou o cabo de sua espada, mas uma única pergunta ecoava em sua mente:

  Por que essas criaturas estavam ali? E, mais importante… por que pareciam vir atrás de um simples garoto?

  Russell sentiu seu cora??o bater como um tambor de guerra. O terror tomava conta do ambiente, denso como o ar antes de uma tempestade. à frente dele, as oito criaturas emergiam da escurid?o, cada uma mais grotesca que a outra. O brilho sobrenatural de seus olhos parecia cravar-se nos guardas, que, por um breve momento, hesitaram.

  Recuem para a forma??o! - Russell gritou, sua voz cortando o ar.

  Os outros três cavaleiros obedeceram prontamente, movendo-se como uma unidade. Todos sabiam que, contra bestas mágicas descontroladas, qualquer falha de coordena??o poderia significar a morte.

  Mesmo em meio ao caos crescente, Russell come?ou a analisar as criaturas à sua frente. Era algo que ele aprendera como mestre da espada: Entenda seu inimigo antes de atacar.

  A primeira besta tinha o corpo robusto e musculoso, semelhante a um urso, mas sua pele era coberta de escamas negras e reluzentes. Garras longas como adagas brilhavam sob a luz da lua, enquanto sua mandíbula era larga o suficiente para engolir um homem inteiro.

  Ao lado dela, uma criatura de aparência felina movia-se com passos fluidos e graciosos, suas patas mal tocando o ch?o. Suas orelhas eram pontiagudas, e um rabo espinhoso balan?ava de um lado para o outro, como um chicote pronto para atacar.

  Mais atrás, três bestas menores, semelhantes a c?es, pareciam agir em conjunto, movendo-se em perfeita sincronia. Seus dentes eram pontiagudos e suas peles brilhavam como se estivessem molhadas de sangue.

  As últimas três eram as mais bizarras. Pareciam híbridos de insetos e répteis, com longos corpos segmentados e múltiplas pernas que se moviam com uma velocidade aterradora. Seus olhos, numerosos e brilhantes, pulsavam como faróis na escurid?o.

  Russell apertou os olhos. Ele sabia o que eram.

  Bestas de primeira e segunda classe... murmurou, o suor escorrendo pela testa.

  Bestas mágicas eram classificadas pela amea?a que representavam. As de primeira classe eram destrutivas, mas controláveis por guerreiros habilidosos. Já as de segunda classe... essas eram praticamente impossíveis de conter sem um exército ou ajuda mágica.

  Alguém precisa avisar Elias e os cavaleiros do palácio real! — gritou um dos guardas, sua voz embargada pelo panico.

  Concordo! Vá agora, Tristan! - ordenou Russell, sem tirar os olhos das criaturas.

  Tristan, o mais jovem entre eles, correu para dentro da mans?o. O som de seus passos apressados ecoou pela noite, desaparecendo enquanto ele entrava na vasta propriedade.

  E nós? perguntou outro guarda, segurando firme sua espada.

  Nós seguramos essas coisas aqui, custe o que custar.

  Russell sabia que isso era praticamente suicídio, mas eles n?o tinham escolha. Se aquelas abomina??es alcan?assem a mans?o, n?o apenas a propriedade, mas os segredos e artefatos valiosos de Elias estariam em risco.

  As bestas n?o esperaram mais. Como se obedecessem a um comando invisível, avan?aram em uníssono. A terra tremia com o peso de seus corpos, e o som de suas patas, garras e patas segmentadas era como um trov?o que anunciava o caos.

  Russell ergueu sua espada e deu um passo à frente, colocando-se como a primeira linha de defesa.

  Mantenham a forma??o! N?o deixem nenhuma passar por nós!

  As primeiras a atacar foram as três criaturas semelhantes a c?es. Elas se moviam rápido, ziguezagueando pelo campo para confundir os cavaleiros.

  Esquerda! gritou um dos guardas, alertando Russell.

  Ele virou-se no último segundo, bloqueando uma mordida com sua espada. O impacto foi t?o forte que fez suas pernas cederem por um instante.

  S?o mais fortes do que parecem!

  Outro guarda foi jogado no ch?o quando uma das criaturas o atacou pelas costas. Ele conseguiu se levantar rapidamente, mas sua armadura já estava amassada, e sangue escorria por uma ferida em seu ombro.

  Enquanto isso, a besta semelhante a um urso avan?ava como uma for?a imparável. Russell sabia que, se ela chegasse ao port?o, eles estariam perdidos.

  Concentrem-se no grande! N?o deixem que ele avance!

  Dois guardas se posicionaram para interceptá-la. Um deles conseguiu cravar sua lan?a na lateral da criatura, mas isso só pareceu irritá-la. Com um movimento rápido, o monstro arrancou a lan?a de seu corpo e atacou o homem com uma patada brutal, jogando-o para longe.

  Russell correu para ajudar, atacando o monstro com sua espada. Ele cortou profundamente a perna da criatura, fazendo-a rugir de dor e recuar alguns passos.

  Continuem atacando! N?o deixem que ela se recupere!

  As criaturas insetóides finalmente entraram na batalha. Movendo-se com velocidade assustadora, elas cercaram os guardas restantes, atacando com suas patas afiadas e mandíbulas vorazes.

  Um dos cavaleiros gritou em agonia quando uma delas cravou suas mandíbulas em sua perna, puxando-o para o ch?o. Antes que Russell pudesse ajudá-lo, outra besta saltou sobre ele, obrigando-o a se defender.

  Tristan, onde est?o os refor?os?! — gritou um

  dos guardas, o desespero evidente em sua voz.

  A batalha estava se tornando insustentável.

  Eles estavam em menor número e completamente sobrecarregados.

  No meio do caos, Russell percebeu algo estranho. O garoto que pedira ajuda agora estava parado, imóvel, observando a cena com uma express?o quase neutra.

  Você... Russell come?ou, mas foi interrompido por mais um ataque.

  No entanto, algo na postura do garoto parecia errado. Ele n?o estava aterrorizado como antes. Havia algo em seus olhos... algo frio e calculista.

  Finalmente, Tristan retornou, seguido por mais guardas da mans?o. Mas, para Russell, uma dúvida agora pairava em sua mente: Esse ataque foi uma coincidência... ou aquele garoto estava envolvido de alguma forma?

  Enquanto os refor?os enfrentavam as criaturas, Russell lan?ou um último olhar para o menino. E, naquele momento, olhando o menino, um sentimento sombrio tomou conta de seu corpo.

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