Como parte da minha explora??o do mundo paralelo ao nosso que o diário que encontrei me revelou, costumo seguir os fóruns e blogues nacionais de paranormal e ufologia, n?o vá um deles revelar algo que mere?a aten??o. Foi uma destas leituras que deu o mote a esta investiga??o.
Nos fóruns de ufologia, havia uma grande excita??o sobre estranhas luzes que andavam a aparecer sobre o Monte do Pilar, nos arredores da Póvoa do Lanhoso. é claro que, apenas isso, n?o chegaria para despertar a minha curiosidade, pois rumores de luzes n?o identificadas no céu eram frequentes. O que realmente tornava este caso único eram as histórias de homens que cortavam a estrada de acesso ao topo do monte durante essas ocorrências. Pensei logo na Organiza??o, e, se a Organiza??o estava presente, era porque algo realmente se passava.
Esquecendo a minha busca pelas Bruxas da Noite durante algum tempo, um sábado à noite, altura em que os avistamentos ocorriam, dirigi-me à Póvoa do Lanhoso. Nessa noite, a minha mulher estava em casa da m?e, que adoecera novamente, e a minha filha tinha ido passar o fim de semana com uma amiga, pelo que n?o precisei de inventar uma desculpa.
Deixei o carro junto da igreja construída na base do Monte do Pilar, ao lado da estrada que levava até ao topo, para investigar o alegado bloqueio. De facto, mal passei a primeira curva, encontrei dois carros atravessados na estrada a barrar o caminho. Atrás deles, cinco homens vigiavam a estrada.
Ao contrário do que eu assumira, estes n?o pareciam ser membros da Organiza??o. Estavam armados com tacos de basebol e, em vez de fatos ou uniformes militares, envergavam roupas casuais.
Aproximei-me para tentar perceber o que se passava. Ainda estava a uns dois metros dos carros, quando um dos homens gritou:
- N?o pode passar!
- Porquê? - perguntei, dando mais dois passos em frente.
- N?o tem nada a ver com isso. Volte para trás.
- Com que autoridade me nega passagem numa estrada pública? - perguntei, tentando for?á-los a revelar quem eram.
- Vais dar-nos problemas, pá? - respondeu um outro homem, batendo com o taco de basebol na m?o.
Os seus companheiros, ergueram as armas.
- Vai-te embora antes que te magoes.
Assim fiz, mas n?o ia desistir t?o facilmente daquela investiga??o. Conhecia bem aquele monte, já o havia visitado várias vezes, e sabia que existia um velho caminho medieval que também levava ao topo.
Mal desapareci do angulo de vis?o dos homens, por detrás da curva, trepei através da vegeta??o até ao antigo caminho. Como esperava, este n?o parecia vigiado.
A subida n?o era fácil. As pedras da cal?ada, expostas aos elementos e sem manuten??o durante séculos, eram irregulares, e erva crescia entre elas. Em alguns pontos, a cal?ada até havia desaparecido completamente. Porém, o último tro?o era ainda pior.
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O Monte do Pilar estava coroado por um colossal rochedo, um dos maiores da Europa, sobre o qual se erguia o Castelo do Lanhoso e um pequeno santuário. A nova estrada contornava-o e dava acesso pela encosta oeste, menos íngreme. O velho caminho medieval, porém, levava para a entrada este. Em tempos, acredito que uma escada ligaria esta à estrada medieval, no entanto, agora, apenas alguns apoios para m?os e pés escavados na rocha nua ajudavam na subida.
Apesar de a explora??o urbana me ter obrigado a obter alguma experiência em escalada, foi com bastante dificuldade que cheguei à entrada este. Esta dava acesso a um pequeno socalco coberto de árvores e com mesas de pedra situado uns metros abaixo da área principal do santuário. Felizmente, n?o se encontrava ninguém ali, pelo que pude parar um pouco para recobrar energias após a subida.
Assim que me senti capaz, subi, lentamente, alguns degraus das escadas que davam para o nível superior e espreitei. Sobre o rochedo, a meio caminho entre a pequena igreja e o castelo, estava um grupo de cerca de vinte pessoas. Estas encontravam-se reunidas em volta do que me pareceu ser um padre segurando uma enorme cruz de madeira com as duas m?os. O homem recitava, a plenos pulm?es, um cantico em latim, abafando todos os outros sons da noite.
Durante vinte minutos ali fiquei, ouvindo-o e observando-os, mas nada de notável aconteceu. Come?ava a pensar que se tratava, apenas, de uma seita qualquer, sem qualquer rela??o com as luzes no céu. Apenas o bloqueio na estrada e a rela??o estabelecida entre este e as luzes nos fóruns de ufologia me mantiveram ali.
Um quarto de hora depois, alegrei-me de n?o ter ido embora. O grupo come?ou a ficar excitado e a apontar para o céu. Segui os seus olhares, e vi vários pontos de luz, alto acima do monte.
O padre intensificou o seu cantico, e as luzes come?aram a aproximar-se. Pouco depois, pareciam pequenos sóis brilhando sobre o santuário. A sua intensidade era tal que, a princípio, quase n?o conseguia olhar diretamente para elas. Contudo, aos poucos, come?aram a perder for?a, até que, finalmente, fui capaz de ver o que eram.
Tratavam-se, talvez, das criaturas mais bizarras que já havia visto. Algumas pareciam ter forma humana, porém possuíam seis asas brancas semelhantes às das pombas, usando as duas de cima para cobrir as faces, as de baixo para cobrir os pés e as pernas, e apenas as do meio para voar. Outras eram vagamente humanoides, contudo, tinham quatro cabe?as, a de um homem, a de uma águia, a de um boi e a de um le?o e quatro asas cobertas de olhos. N?o obstante o qu?o bizarros eram estes seres, foi um terceiro tipo de criatura que me causou mais estranheza. Tratavam-se de várias rodas concêntricas com os aros cobertos de olhos. Como conseguiam voar, n?o sei dizer.
Quando era adolescente, tinha um grande interesse em mitologia e, embora angelologia crist? n?o fosse uma das minhas favoritas, reconheci aqueles seres como sendo anjos, nomeadamente da primeira esfera, os mais próximos de Deus.
Lentamente, os seres voaram às voltas sobre os homens, enquanto estes erguiam as m?os em dire??o ao céu e gritavam súplicas.
Passados alguns minutos, os anjos come?aram a afastar-se. Aos poucos, a sua luz foi-se tornando mais fraca e distante, até que desapareceram por completo.
Com sorrisos nos lábios, as pessoas come?aram a dispersar e a regressar aos carros. O que conseguiram com aquele ritual, n?o sei dizer, mas fiquei a saber que n?o eram só demónios que aquele tipo de seitas invocavam.
Fiquei onde estava e esperei que deixassem o santuário. Depois, dei-lhes mais algum tempo para desobstruírem a estrada e só depois comecei a descer o monte, desta vez pelo percurso principal.
Como sempre, várias perguntas passaram-me pela cabe?a no caminho de regresso a casa. Qual o objetivo do ritual? Porque viriam anjos das mais altas ordens à Terra? Se os anjos eram reais, será que Deus também o era?
Felizmente, a minha mente ainda estava focada em encontrar as Bruxas da Noite e descobrir os seus objetivos, caso contrário, se tivesse tido tempo de pensar nas implica??es daquela noite, o meu mundo podia ter desabado.