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Forte & Resiliente

  Os irm?os observavam Roger se aproximar com passos lentos e pesados. Ele finalmente parou na frente da porta, que já estava entreaberta, a madeira rangendo suavemente. Roger olhou para as crian?as e logo passou os olhos por toda a sala, notando que estava mais limpa do que de manh?, quando ele saiu apressado. "Vocês limparam a casa?" perguntou, erguendo uma sobrancelha com um misto de surpresa e cansa?o. As crian?as responderam em uníssono: "Limpamos." Roger deu um sorriso for?ado, que n?o chegava aos olhos. "Bom trabalho," disse, tentando fazer um elogio casual, embora sua mente estivesse claramente em outro lugar. Os irm?os logo perceberam que ele estava... diferente.

  Léo foi o primeiro a questionar, a preocupa??o transparecendo em sua voz: "Aconteceu algo, tio?"

  Roger suspirou, passando a m?o pelos cabelos. "Tem algo importante que preciso contar. é sobre os pais de vocês."

  Zoe, com os olhos brilhando de esperan?a, perguntou de imediato: "Eles já voltaram?!"

  Roger adentrou a casa completamente, fechando a porta atrás de si. Ele olhou ao redor como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. "Sentem-se no sofá. Preciso ter uma conversa com vocês agora."

  Zoe sentiu um frio na barriga ao ouvir essas palavras. Normalmente, eles sabiam que o tio tinha algo importante para falar sempre que fazia esse tipo de abordagem. Léo sentiu um arrepio na espinha. Tratando-se dos pais, ele esperava que fosse uma notícia boa, mas, olhando a face do tio, já esperava uma notícia ruim. No fundo, n?o queria acreditar nessa possibilidade.

  Eles foram até o sofá e se sentaram, trocando olhares apreensivos. Roger pegou uma cadeira e a colocou de frente para eles. Sentou-se, e alguns segundos de silêncio dominaram o local. Ele suspirou novamente, deixando um semblante sério e autoritário enquanto olhava para eles com firmeza. "Vocês sabem que eu n?o sou de enrolar para dizer as coisas, e n?o quero que pensem que estou sendo insensível aqui."

  Os irm?os se olharam por um breve momento, tentando encontrar coragem um no outro.

  Zoe assentiu lentamente. "Nós sabemos."

  Roger respirou fundo antes de continuar. "Eu fui até a cidade de Arbordale hoje mais cedo e recebi a notícia dos guardas locais de que ontem à noite foram encontrados três corpos: dois homens e uma mulher. Ainda n?o sei qual é a identidade deles, mas quero que vocês já estejam preparados para o pior."

  Léo sentiu um nó na garganta. "Você está supondo que talvez dois desses três corpos sejam dos nossos pais?"

  Roger assentiu com gravidade. "Exatamente."

  Zoe tremeu nesse momento. Só de imaginar a morte de seus pais, come?ou a suar frio, como se temesse a ideia de todas as formas imagináveis. Léo também n?o estava excluído disso. Ele sentia medo, mas tentava se manter positivo.

  Zoe, com a voz trêmula e ansiosa, perguntou: "Mas como assim?! Por que eles estariam mortos?!"

  Roger manteve a calma, mas sua voz era firme. "Eu n?o disse que eles est?o. Só estou dizendo que há a possibilidade de um dos corpos ser o deles." Mesmo ao tratar da suposta morte do próprio irm?o, Roger conseguiu manter a voz firme e controlada. Léo foi um pouco mais astuto e percebeu que ele estava tentando apenas transmitir confian?a no modo calmo de falar. Mas o mesmo n?o se aplicava a Zoe. Ela estava com medo. Nesse momento, muitas possibilidades passavam pela sua mente. Ela apenas cravou as unhas no tecido da roupa e ficou olhando para baixo, sem saber o que dizer, o que pensar e como agir.

  Roger olhou para os sobrinhos com empatia. "Eu sei, entendo que vocês estejam com medo. Eu também estou, mas enquanto n?o tivermos certeza, vamos nos manter positivos."

  Léo, com um suspiro, perguntou: "Mas o que a gente vai fazer?"

  Roger levantou-se da cadeira, ficando de pé. "Vamos para Arbordale e para a casa dos seus pais. De lá, eu vou ao edifício dos guardas locais e pedirei para ver os corpos. Normalmente, corpos encontrados nas ruas s?o analisados e guardados em uma sala fria para n?o apodrecerem. Estejam preparados." Ele come?ou a andar em dire??o ao quarto, pegando um casaco.

  Léo observou o nervosismo da irm? e tentou confortá-la. "N?o se preocupe, Zoe. Ainda n?o sabemos se s?o os nossos pais ou n?o, mas vamos torcer para que n?o sejam eles." Zoe balan?ou a cabe?a, negando a tentativa dele de acalmá-la. "Mas... e se forem eles? O que... o que vamos fazer?" Antes que Léo pudesse responder, Roger apareceu novamente, agora com um olhar resoluto.

  Roger: "Vamos."

  Léo colocou as duas m?os nos ombros de Zoe, encarando-a de frente. "Vamos lá, Zoe. N?o fique cabisbaixa enquanto n?o soubermos de nada. Como uma flor, a gente deve aguentar as tempestades, lembra?"

  Zoe levantou a cabe?a, encarando-o nos olhos. Ela viu uma fonte de coragem refletindo nos olhos de Léo, o que acalmou um pouco da sua ansiedade. "Está bem."

  Léo pegou na m?o dela e a guiou até o lado de fora, onde Roger estava esperando. Eles seguiram para a cidade de Arbordale, cada passo aumentando a tens?o, mas também refor?ando a esperan?a de que tudo pudesse acabar bem.

  Eles seguiram por uma estrada de terra, cercada por árvores ao fundo e grama alta. O sol já estava se pondo, tingindo o céu de laranja e roxo, marcando o início da noite. Ao longe, seguindo reto pela estrada, conseguiam ver uma pequena comunidade, n?o muito distante da casa de Roger. A atmosfera, geralmente tranquila, parecia carregada com uma tens?o invisível.

  Léo, ainda confuso, perguntou: "Por que a gente n?o vai direto para o edifício? N?o entendo por que precisamos ir para a casa dos nossos pais primeiro."

  Roger, mantendo o olhar fixo à frente, respondeu: "Vamos ver se encontramos alguma coisa que possa nos ajudar."

  Zoe, com uma express?o de dúvida, perguntou: "Por que o papai e a mam?e foram embora t?o de repente?"

  Roger, sem desviar o olhar da estrada, respondeu: "Eles tinham assuntos para tratar, Zoe."

  Zoe franziu a testa, claramente insatisfeita com a resposta vaga. "..."

  Léo, persistente, questionou: "Mas que assuntos s?o esses? Por que, do nada, eles decidiram ir embora?"

  Roger parou por um momento, parecendo escolher cuidadosamente suas palavras. "Eles n?o foram embora. N?o pense que abandonaram vocês para fazer um passeio mundo afora. Havia algo a mais."

  Zoe, sentindo uma pontada de ansiedade, perguntou: "Algo a mais? Tipo o quê?"

  Roger, com um tom mais sério, respondeu: "Eles n?o quiseram me informar de nada sobre oque estava acontecendo, eles disseram que eles já estavam passando por muito perigo só de estarem envolvidos e por causa disso n?o me contaram nada, eles n?o queriam que eu ficasse em perigo também, mas eles me fizeram prometer que eu iria cuidar de vocês e é isso que irei fazer"

  Eles continuaram andando até chegarem à entrada da comunidade, onde uma placa desgastada pelo tempo dizia "Arbordale". Ao passarem pela entrada, um guarda os abordou, alertando: "Tome cuidado por aí, senhor. Parece que há um assassino na cidade, ent?o nunca deixe seus filhos andarem por aí sozinhos."

  Léo olhou para o guarda, corrigindo-o: "Ele é o meu tio, n?o o meu pai." O guarda logo se corrigiu: "Ah, pe?o desculpas, mas o aviso já foi dado. Ent?o, tomem cuidado, e qualquer pessoa suspeita que vocês encontrem, por favor, chamem os guardas e relatem tudo sobre o suspeito para eles."

  Roger, acenando com a cabe?a, respondeu: "Tudo bem, iremos alertar caso aconte?a alguma coisa."

  Eles continuaram, passando por algumas ruas desertas e casas silenciosas, até chegarem à moradia de Victor e Samantha. Roger pegou uma chave de metal, colocou na fechadura e girou, ouvindo o clique da tranca. Ele abriu a porta, revelando uma sala acolhedora, com uma mesa de madeira polida, vasos de plantas bem cuidados, uma poltrona de veludo, um rádio antigo e um sofá próximo a uma estante repleta de livros.

  Roger entrou na sala junto com as crian?as e fechou a porta atrás deles. "Esperem aqui na sala. Vou checar os outros c?modos." Zoe e Léo obedeceram e se sentaram no sofá, com os nervos à flor da pele, enquanto Roger investigava o restante da casa.

  Eles ficaram um tempo em silêncio, apenas ouvindo o som dos passos de Roger e o barulho distante de objetos sendo movidos. Cada som parecia amplificar a tens?o no ar.

  Léo, tentando se distrair, olhou para a estante de livros, passando os olhos pelos títulos, mas nada conseguia prender sua aten??o. Ele se sentia perdido em um mar de incertezas.

  Roger voltou para a sala, e Léo perguntou: "Encontrou alguma coisa?"

  Roger: "N?o."

  Zoe: "Tio Roger, se o senhor n?o sabe de nada, por que n?o me respondeu quando perguntei se eles contaram algo para o senhor antes de irem embora ontem à noite?"

  Roger: "Está se referindo ao momento em que contei aquela história para vocês, certo?"

  Zoe: "Sim."

  "Eu n?o queria preocupar vocês com informa??es que nem eu sei. Isso só deixaria vocês dois mais alertas e preocupados, e n?o era isso que eu queria. Mas agora a situa??o é outra. Enfim, estou indo para o edifício. Vocês ficam aqui e n?o saiam dessa casa."

  Zoe: "Por que n?o podemos ir junto com o senhor?"

  Roger: "Porque tem um assassino solto por aí, e n?o quero meter vocês em perigos desnecessários. Por isso, fiquem aqui e evitem abrir a porta para estranhos."

  Léo: "Se o senhor vai deixar a gente sozinhos na casa, por que trouxe a gente junto? N?o seria mais seguro ficarmos na sua casa?"

  Roger: "N?o, n?o seria. A maioria dos assassinos se escondem nas regi?es da floresta, e, se por acaso ele estiver vagando pelas proximidades da floresta, vocês estariam em perigo se ficassem por lá."

  Roger se moveu em dire??o à porta, mas foi parado por Zoe, que segurou sua camisa com for?a e disse: "Eu quero que você me leve junto."

  Roger ficou surpreso por alguns instantes, mas logo voltou ao normal. "N?o posso levar você. é perigoso."

  Zoe: "Mas se trata dos nossos pais. Eu quero ver se s?o eles ou n?o. Ent?o, por favor, tio Roger, me leve junto com você."

  Léo: "A Zoe está certa. é dos nossos pais que estamos falando. A gente precisa saber se s?o eles ou n?o."

  Zoe: "Eu entendo que o senhor só quer nos proteger disso tudo, mas a gente também tem que saber a verdade do que está acontecendo."

  The story has been stolen; if detected on Amazon, report the violation.

  Roger observou aquelas duas crian?as. Elas estavam claramente trêmulas e com medo da situa??o, mas, mesmo assim, refletiam uma forte determina??o no olhar. Os olhos castanhos ardendo em valentia lembravam os olhos de Victor quando precisava ser corajoso. Roger entendeu a situa??o e deu um leve sorriso sincero para eles. "Vocês têm os mesmos olhos dele," ele pensou consigo mesmo.

  Roger: "Vocês têm raz?o, mas fiquem perto de mim e n?o se afastem por nada sem a minha permiss?o, tudo bem?"

  Ambos concordaram com a cabe?a, e Roger saiu para o lado de fora da casa, seguido por Léo e Zoe. O trio caminhava pelas ruas estreitas e sombrias, onde a presen?a de muitos guardas fazendo patrulha nos diversos becos era evidente. O ar estava frio e úmido, as casas ao redor estavam completamente fechadas, e uma névoa espessa vagava pelas estradas, conferindo um ar ainda mais sinistro ao cenário.

  Eles chegaram ao local onde havia um guarda robusto, de postura rígida, na frente de uma porta dupla de madeira maci?a. Ele notou a presen?a dos três e se aproximou, examinando-os com olhar atento.

  Guarda: "Posso ajudar?"

  Roger: "Queremos entrar e saber mais informa??es sobre os corpos encontrados na noite passada. Meu irm?o mora por essas redondezas e n?o tenho notícias dele até ent?o. Quero ver os corpos para verificar se um deles é do meu irm?o."

  O guarda olhou profundamente nos olhos de Roger e depois para as crian?as ao lado dele, percebendo a seriedade da situa??o.

  Guarda: "Entendo. Estamos procurando informa??es valiosas que nos ajudem a achar o suspeito. Talvez você possa ajudar a reconhecer as vítimas. Por favor, me sigam."

  O guarda adentrou o edifício com passos firmes e os guiou por diversos corredores com várias portas de metal diferentes, onde muitas outras pessoas estavam trabalhando freneticamente, fazendo relatos e alertas. O som de papéis sendo folheados e lápis rabiscando criava uma atmosfera de tens?o.

  Eles chegaram a uma porta que ficava bem isolada das demais, e o guarda bateu três vezes nela, cada batida ecoando pelo corredor silencioso. Um barulho de algo se destrancando foi ouvido, e um homem na casa dos 40 anos abriu a porta. "Precisa de alguma coisa?" ele perguntou ao guarda, com uma voz firme e experiente.

  Guarda: "Essas pessoas vieram para ver os corpos das vítimas e talvez possam ajudar a reconhecê-las."

  O homem olhou para Roger e as crian?as, seus olhos cinzentos avaliando-os meticulosamente. "Qual é o nome de vocês?" perguntou, com um tom sério.

  Roger: "Eu me chamo Roger, e esses dois s?o Léo e Zoe."

  "E o sobrenome de vocês?"

  Roger: "Petrova."

  O homem assentiu e deu o sinal para o guarda sair com um gesto de obediência. O guarda deixou o local imediatamente. "Muito prazer em conhecer vocês. Podem me chamar de Dr. Elias. Entrem, por favor." Ele abriu mais a porta, dando espa?o para eles entrarem em uma sala iluminada por luzes frias, dentro da sala havia outra porta, dando vis?o para uma série de gavetas metálicas alinhadas na parede que sugeria a presen?a dos corpos.

  O Dr. Elias fechou a porta com um clique suave e logo disse: "Os corpos est?o nesta sala, mas... pe?o que só você entre, senhor Roger. N?o acho que seria apropriado para essas crian?as verem coisas t?o horríveis."

  Léo, com a voz trêmula, protestou: "Mas... essas pessoas... essas pessoas podem ser os nossos pais!"

  Zoe concordou com Léo, sua voz ansiosa e determinada: "Exato, a gente também quer saber se s?o eles. Ent?o, deixa a gente entrar também, senhor!"

  Roger segurou os ombros de cada um e se abaixou, ficando na altura deles e encarando-os profundamente. Ele sabia que n?o era nem um pouco responsável deixar essas crian?as verem um cadáver, mas ele conseguia enxergar coragem nelas. N?o apenas isso, mas também enxergou preocupa??o, uma que só eles três poderiam compartilhar. "Eu quero que eles entrem junto comigo, Dr. Elias. Se forem os pais deles, eles precisam saber também."

  Dr. Elias hesitou por um momento, mas acabou cedendo: "Tudo bem, ent?o, mas pe?o que mantenham distancia dos corpos para n?o acontecer nenhum acidente."

  Eles entraram na sala. O cora??o de Zoe e Léo estremecia, batendo de maneira errática dentro de seus peitos, como se quisesse escapar. A respira??o de ambos se tornou rápida e superficial, enquanto suas mentes eram inundadas por um turbilh?o de pensamentos inquietos. Suas m?os tremiam levemente, e uma sensa??o de formigamento percorria suas espinhas, deixando-os em estado de alerta constante. Cada segundo que passava parecia estender-se em uma eternidade angustiante, à medida que a ansiedade tomava conta de seus corpos e mentes.

  Zoe e Léo entraram na sala gelada, sentindo o ar frio envolver seus corpos como um manto de gelo. O som de seus passos ecoava suavemente no ch?o de azulejos, enquanto o cora??o de ambos batia forte, ressoando em seus ouvidos como um tuh-tuh, tuh-tuh.

  Tuh-tuh, tuh-tuh.

  à medida que se aproximavam das três gavetas de metal, o som de seus cora??es parecia aumentar, acompanhando a tens?o crescente. Dr. Elias, com um olhar sério e sombrio, estava ao lado das gavetas, pronto para revelar o que estava escondido ali.

  Tuh-tuh, tuh-tuh.

  Com um movimento firme, Dr. Elias puxou a primeira gaveta. Dentro dela, um homem jazia com as veias do corpo completamente roxas, como se o veneno tivesse se espalhado por todo o seu sistema.

  Tuh-tuh, tuh-tuh.

  Zoe e Léo prenderam a respira??o enquanto Dr. Elias abriu as outras duas gavetas ao mesmo tempo. Em uma delas, um homem com a garganta cortada e um buraco de corte no peito. Na outra, uma mulher com cortes na barriga e um buraco no peito, exatamente na regi?o do cora??o.

  Tuh-tuh, tuh-tuh.

  O ar frio da sala parecia ainda mais gelado diante da vis?o macabra. Zoe e Léo sentiram um calafrio percorrer suas espinhas, enquanto o som de seus cora??es continuava a bater forte, ecoando na sala silenciosa. Ambos olham e reconhecem que s?o seus pais mortos na frente deles.

  Zoe sentiu o ch?o desaparecer sob seus pés ao ver os corpos de seus pais nas gavetas. O choque a atingiu como uma onda gelada, paralisando-a por um momento. Seus olhos se arregalaram, e a respira??o ficou presa em sua garganta. O cora??o batia descontroladamente, como se quisesse escapar de seu peito.

  Tuh-tuh, tuh-tuh.

  A dor e o desespero come?aram a se infiltrar em seu ser, como veneno correndo por suas veias. As lágrimas come?aram a se acumular em seus olhos, turvando sua vis?o. Ela tentou segurar o choro, mas a tristeza era avassaladora. Um solu?o escapou de seus lábios, e as lágrimas come?aram a rolar por seu rosto.

  Zoe: (chorando) "N?o... n?o pode ser... mam?e... papai..."

  Ela deu um passo à frente, estendendo a m?o trêmula em dire??o aos corpos de seus pais, mas foi impedida por Roger, seu tio. Ele a segurou firmemente pelos ombros, tentando afastá-la da vis?o horrível.

  Zoe lutou contra o aperto de Roger, desesperada para chegar até seus pais. As lágrimas caíam livremente agora, e sua voz estava embargada pelo choro.

  Zoe: (gritando) "Por favor, tio Roger! Eu preciso vê-los! Eu preciso... eu preciso..."

  Roger a puxou para longe, envolvendo-a em um abra?o protetor. Zoe se debatia, mas a for?a de suas emo??es a deixou fraca. Ela se entregou ao abra?o de Roger, solu?ando descontroladamente contra o peito dele.

  Zoe: (chorando) "Por que... por que isso aconteceu?"

  Roger acariciou o cabelo de Zoe, tentando confortá-la enquanto a levava para fora da sala. Cada passo parecia um esfor?o monumental, e a dor no cora??o de Zoe era insuportável. Ela sentia como se estivesse sendo rasgada por dentro, uma dor que palavras n?o podiam descrever.

  Roger: (sussurrando) "Eu sei, Zoe. Eu sei. Vamos sair daqui. Você n?o precisa ver isso."

  Zoe continuou a chorar, sentindo-se perdida e desamparada. A vis?o dos corpos de seus pais estava gravada em sua mente, e a sensa??o de perda era esmagadora. Ela se agarrou a Roger, buscando algum consolo em meio ao caos de suas emo??es.

  Roger pegou Zoe no colo. Ela o abra?ava fortemente, sem querer soltá-lo, buscando qualquer forma de conforto. Ele olhou para Léo. "Léo!" chamou ele, mas nenhuma resposta foi ouvida.

  Léo ficou imóvel, como se o tempo tivesse parado ao seu redor. O ar frio da sala parecia n?o afetá-lo, pois ele estava preso em um torpor profundo. Seus olhos fixos nos corpos de seus pais, sem piscar, sem desviar o olhar. O cora??o dele, antes cheio de vida e esperan?a, agora parecia um peso morto em seu peito, batendo lentamente, quase sem for?a.

  As lembran?as felizes, dos momentos de carinho e risadas com seus pais, come?aram a se desvanecer, como se fossem sombras fugindo da luz. Em seu lugar, a imagem horrível dos corpos se fixava em sua mente, gravando-se como uma cicatriz eterna.

  Léo n?o conseguia chorar. As lágrimas pareciam ter secado antes mesmo de se formarem. N?o havia gritos, n?o havia rea??es. Apenas um silêncio ensurdecedor que preenchia cada canto de sua alma. A tristeza profunda o envolvia como um manto pesado, sufocando qualquer vestígio de emo??o.

  Sua inocência, aquela vis?o ingênua e pura do mundo, estava sendo arrancada brutalmente. Ele sentia como se uma parte de si estivesse morrendo junto com seus pais, deixando apenas um vazio imenso e desolador. O vazio era tudo o que restava, um abismo sem fim que consumia sua essência.

  Roger, percebendo o estado de Léo, aproximou-se lentamente. Ele colocou a m?o no ombro do sobrinho, mas Léo n?o reagiu. Era como se ele estivesse em um transe, perdido em um mar de desespero e dor. Roger, com um olhar de tristeza e compreens?o, guiou Léo para fora da sala, tentando protegê-lo da vis?o que o havia despeda?ado.

  Léo seguiu mecanicamente, seus passos pesados e descoordenados. O mundo ao seu redor parecia distante, irreal. Tudo o que ele podia sentir era o vazio, um vazio que amea?ava engoli-lo por completo.

  Enquanto Roger levava Zoe e Léo para fora, o Dr. Elias fechava as gavetas e retornava para a sala anterior.

  Roger: "Pe?o perd?o, eu vou deixá-los em casa e depois volto aqui para conversar sobre os corpos, tudo bem?"

  Dr. Elias: "N?o se preocupe, eu compreendo. Volte aqui amanh?. Por hora, apenas cuide deles."

  Roger assentiu e levou os dois para o lado de fora. Zoe n?o parava de chorar contra o peito de Roger, enquanto gritava em um som abafado: "Por que?! Por que fizeram isso com eles?! Eu quero ver os meus pais de volta... Por favor, traga-os de volta!" Roger se esfor?ava para conter as lágrimas, mas conseguia se manter firme.

  A noite estava pesada, carregada de um silêncio quase palpável enquanto Roger, Zoe e Léo caminhavam de volta à casa que uma vez foi cheia de amor e alegria. Zoe, com os olhos inchados e vermelhos, estava no colo de Roger, chorando silenciosamente contra o peito dele. Seus solu?os eram abafados pela camisa de Roger, que se esfor?ava para conter suas próprias lágrimas, mantendo-se firme por eles.

  Léo seguia ao lado, seus passos pesados e descoordenados, como se cada movimento fosse um esfor?o monumental. O vazio em seu peito era esmagador, um abismo que consumia todas as emo??es. Ele n?o conseguia chorar, n?o conseguia reagir. Apenas seguia em frente, como uma sombra de si mesmo.

  Os três avan?avam pelas ruas desertas, o som de seus passos ecoando na quietude da noite. Roger mantinha Zoe apertada contra si, sentindo o peso da dor dela e a sua própria dor se entrela?ando. A cada passo, ele respirava fundo, lutando contra a urgência de desabar, pois sabia que precisava ser forte por seus sobrinhos.

  Quando finalmente chegaram à casa, Roger parou por um momento, olhando para a porta da frente com um misto de dor e determina??o. Ele empurrou a porta devagar, e o ar dentro da casa parecia ainda mais pesado do que o de fora. As memórias felizes que antes enchiam aquele lar agora pareciam distantes e dolorosas.

  Roger levou Zoe para dentro, ainda segurando-a firmemente, enquanto Léo seguia mecanicamente. A sala de estar estava mergulhada em escurid?o, mas Roger n?o se incomodou em acender a lamparina. Ele guiou Zoe até o sofá e a acomodou gentilmente, acariciando seu cabelo enquanto ela continuava a chorar.

  Com a voz trêmula, Roger disse: "Desculpa, crian?as. Desculpa por n?o conseguir fazer nada por vocês nesse momento. Perd?o. Eu também estou abalado com isso tudo mas... N?o sei o que devo fazer agora a n?o ser cuidar de vocês. Podem contar com meu apoio, está bem?"

  Roger puxou Léo e Zoe para perto, envolvendo-os em um abra?o apertado. Ele podia sentir as lágrimas quentes de Zoe molhando sua camisa e o corpo trêmulo de Léo tentando conter o choro. Eles estavam unidos em um la?o de dor e perda, um consolo mútuo em meio ao caos.

  Roger segurou-os firmemente, tentando transmitir todo o amor e prote??o que podia. Ele sabia que, naquele momento, palavras n?o seriam suficientes para aliviar a dor que todos sentiam. Mas, pelo menos, eles tinham um ao outro para se apoiar.

  O tempo passou, e Roger conseguiu, minimamente, confortá-los. Zoe estava no quarto de seus pais, cercada pelas lembran?as que agora traziam um vazio. Léo estava em seu próprio quarto, onde as sombras pareciam mais longas e as paredes mais opressivas. A casa agora estava mergulhada em um silêncio profundo e doloroso.

  Roger sentou-se na cadeira da cozinha com um copo de água nas m?os. O líquido refletia a luz fraca, tremeluzindo como as emo??es que ele tentava conter. Seus pensamentos estavam em turbilh?o, os rostos de Victor e Samantha vinham à mente, juntamente com as memórias dos momentos compartilhados. Ele sabia que precisava ser forte, mas a dor era uma presen?a constante, uma sombra que o envolvia.

  Os três n?o conseguiam dormir. A cada tentativa de fechar os olhos, as imagens dos corpos voltavam, assombrando-os. Zoe se encolhia na cama dos pais, abra?ando o travesseiro que ainda tinha o perfume da m?e. Léo encarava o teto do quarto, perdido em pensamentos e emo??es que n?o conseguia processar.

  Roger, sentindo o peso das responsabilidades e das emo??es, respirava fundo, tentando encontrar for?as. A casa, agora mergulhada em escurid?o e silêncio, parecia um reflexo de suas próprias almas. Cada um, em seu canto, lutava contra a sensa??o de perda e a tentativa de encontrar algum alívio.

  O tempo parecia se arrastar, cada minuto mais pesado que o anterior. A noite avan?ava lenta e inexoravelmente, trazendo consigo o peso das emo??es que os envolvia. Roger olhava para o copo de água em suas m?os, como se buscasse respostas no reflexo vacilante. Sabia que, de alguma forma, precisariam encontrar for?as uns nos outros para enfrentar os dias que viriam.

  Zoe estava sentada em posi??o fetal na cama, sem mais lágrimas para chorar e com uma forte dor de cabe?a. Sentia um ódio profundo e imensurável pelo assassino que tirou seus pais dela. A cada pensamento sobre isso, ela agredia o travesseiro com for?a, como se pudesse descontar sua raiva nele. As mesmas perguntas ecoavam em sua mente: "Por que eles?" "Quem foi o desgra?ado que os tirou de mim?" "O que eu fa?o agora?"

  A raiva fervia dentro dela, uma chama incontrolável que queimava cada fibra do seu ser. Zoe co?ava a cabe?a com tanta for?a que quase arrancava os cabelos, tentando encontrar algum alívio para a dor e a fúria que a consumiam. Sentia-se perdida, como se estivesse à deriva em um mar de emo??es turbulentas, sem saber para onde ir ou o que fazer.

  Cada golpe no travesseiro era uma tentativa desesperada de encontrar respostas, de entender o motivo de tanta crueldade. A sensa??o de impotência a deixava ainda mais furiosa, e a dor de cabe?a só aumentava, como se sua mente estivesse prestes a explodir. Zoe estava presa em um ciclo de raiva e desespero, sem ver uma saída para sua angústia.

  No meio das agress?es, Zoe sentiu algo se desprender do seu cabelo. Aquele lírio azul que Léo havia deixado preso entre seus cabelos agora estava caído no len?ol da cama, ainda perfeitamente intacto. Seus olhos se fixaram na flor, e as palavras de Léo vieram à tona: "Seja forte e resiliente como essa flor." Ela girava a flor entre os dedos, observando-a, e sussurrou para si mesma: "Você deve aguentar as tempestades."

  Nesse momento, Zoe só conseguia pensar no seu irm?o. Ela n?o falou com ele em nenhum momento durante a volta para casa, e isso a deixou preocupada. "Eu preciso ver como ele está."

  Deitado na cama, Léo se esfor?ava para segurar as lágrimas, travando uma luta interna, intensa e exaustiva, onde cada fibra do seu ser está em conflito. Seus olhos come?am a arder e a vis?o fica turva enquanto as lágrimas se acumulam, buscando desesperadamente um caminho para escapar. O peito parece apertado, como se estivesse sendo comprimido por uma m?o invisível, dificultando a respira??o. Cada inspira??o é superficial, cada expira??o é um esfor?o consciente para manter o controle.

  Seus lábios tremem ligeiramente e ele morde a parte interna da boca, na esperan?a de que a dor física desvie a aten??o da dor emocional. Suas m?os fecham-se em punhos, os dedos cravando-se nas palmas, como se o aperto pudesse conter o dilúvio emocional que amea?a transbordar.

  O mundo ao redor se torna um borr?o indistinto, as lembran?as felizes dos seus pais s?o abafadas pela cena aterrorizante deles mortos, e o único som que ele realmente ouve é o pulsar intenso do seu cora??o, batendo rápido e irregularmente. Ele sente um nó na garganta, uma sensa??o de sufocamento, como se cada palavra n?o dita se transformasse em uma barreira que impede a libera??o das lágrimas.

  Tudo o que Léo quer nesse momento é desmoronar, No entanto, ele tenta ao máximo reprimir esse sentimento, tentando disfar?ar a tempestade interna com uma fachada de normalidade. Cada segundo que passa é uma vitória, mas também um lembrete da fragilidade da sua resistência.

  "Seja uma inspira??o de for?a para ela" essas palavras dominaram sua mente "seja um bom irm?o para a sua irm?" ele sussurrou baixinho para ele mesmo, seu cora??o está quebrado, sua mente dilata com dores internas, sentindo o início de uma dor de cabe?a, ele limpa as lágrimas e levanta da cama.

  Zoe se declarou da cama dos pais, sentindo o peso das lembran?as e da perda. Cada passo até a porta parecia um esfor?o monumental. Ela abriu a porta com hesita??o e saiu pelo corredor em dire??o ao quarto de Léo. Cada som, cada sombra na casa agora vazia parecia amplificar sua tristeza e raiva. Quando chegou à porta do quarto de Léo, ela parou e colocou a m?o na ma?aneta, hesitando brevemente antes de empurrar.

  Do outro lado da porta, Léo estava em uma situa??o muito semelhante. Ele segurava a ma?aneta, sentindo a mesma necessidade urgente de ver a irm?, de garantir que n?o estivesse sozinha nessa dor insuportável. Tanto Zoe quanto Léo estavam pensando na mesma coisa, suas mentes em sincronia:

  "Eu preciso ver como ele está."

  "Eu preciso ver como ela está."

  No instante em que Léo saiu da porta, Zoe reuniu coragem e empurrou-a. Ambos se encontraram, e um susto interno tomou conta deles. N?o pela surpresa de se encontrarem ali, logo atrás da porta, mas pelo que viram nossos olhos um do outro. O que retornou foi um olhar completamente vazio.

  A dor nos olhos de Léo era um espelho da própria dor de Zoe, um abismo profundo e implacável. Eles se encararam em silêncio, as palavras presas na garganta. Zoe viu o desespero e a perda no olhar do irm?o, refletindo seus próprios sentimentos. Sem dizer nada, ela avan?ou e envolveu Léo em um abra?o apertado.

  Léo retribuiu o abra?o, sentindo a necessidade desesperada de se agarrar a algo, a alguém. No abra?o, retornamos um consolo silencioso, uma conex?o que transcendia a dor. O peso da perda parecia um pouco mais suportável quando estavam juntos, compartilhando o fardo.

  As lágrimas que Zoe pensou ter secado trouxe o irm?o novamente, enquanto ela se agarrou a Léo, buscando for?as no irm?o. Léo, por sua vez, sentiu uma mistura de raiva e tristeza, seu corpo tremia levemente enquanto tentava ser forte por Zoe.

  A casa, agora mergulhada em uma escurid?o quase palpável, parecia observar silenciosamente a dor dos irm?os. O corredor vazio ecoava com a intensidade de suas emo??es, e, por um momento, o mundo parecia relacionado àquele abra?o, que tentava desesperada de encontrar um conforto no outro.

  Sem palavras, sem promessas, apenas a presen?a um do outro. Era tudo o que tinha, e, naquele momento, era o suficiente para continuar.

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